“Eu quero ser valorizado pelo que faço”
Estamos prestes a presenciar o mergulho de Ronan Cordeiro para sua nova conquista: Ouro nos 400m livre no Panamericano Universitário Começou o 1º Panamericano Universitário, a competição que reúne atletas de 13 países de todas as Américas. E ali, sobre a plataforma de largada, a concentração é o mundo de Ronan. Um dia a dia […]
Estamos prestes a presenciar o mergulho de Ronan Cordeiro para sua nova conquista: Ouro nos 400m livre no Panamericano Universitário
Começou o 1º Panamericano Universitário, a competição que reúne atletas de 13 países de todas as Américas. E ali, sobre a plataforma de largada, a concentração é o mundo de Ronan. Um dia a dia de incontáveis vaivéns na piscina o trouxeram até este momento, onde cada braçada é fundamental para alcançar o sonho dourado. Faltam alguns segundos para o sinal sonoro que autoriza o mergulho, mas antes, vamos voltar um pouquinho.
Ronan Cordeiro tem 19 anos e encontrou na água o meio para desenvolver suas potencialidades e conquistar o mundo. Começou a nadar ainda na infância como forma de socializar. Era uma aposta dos pais para romper a barreira da timidez que brotava da má formação congênita em sua mão esquerda. Mas os resultados foram além da superação do embaraço: Ronan tornou-se atleta de ponta e hoje ocupa a 3ª posição no ranking brasileiro profissional, além de ser o número 1 do universitário nacional.
A mão esquerda viveu enclausurada no bolso durante a infância de Ronan, até que o agora nadador descobriu que suas limitações não o impediam de conquistar o seu espaço. “As pessoas veem os deficientes a partir do que não conseguimos fazer, esquecendo de valorizar aquilo do que somos capazes”, orgulha-se.
Com a natação, credenciou-se para competições Brasil afora, chegando até a Alemanha e não vê limites no esporte. O grande sonho, no momento, é chegar ao outro lado do mundo, nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, em 2020.
Mas a conquista das conquistas de Ronan não vai ao pódio. A evolução nas raias de competição trouxe também segurança para se desvencilhar do insustentável peso da inibição. E o ritual de passagem foi no Terceirão: na camisa da turma, cravou o apelido carinhoso: Mãozinha. Um apelido que o acompanha até hoje, feito bordão: “Vai Mãozinha”!
“Tire a mão do bolso. Acredite mais em você”
E se o Ronan de hoje pudesse encontrar o Ronan acanhado, lá da infância, o que diria a ele? Sem hesitar, responde: “Tire a mão do bolso. Acredite mais em você, que você vai conquistar muitas coisas!”. E conquistou.
Além das incontáveis medalhas, Ronan hoje tem segurança sobre rumos para o futuro. Prestes a se formar em Educação Física na PUCPR, treina diariamente para competições de alto nível e constrói uma carreira nas piscinas.
Vive um cotidiano disciplinado e faz o que ama. Mas confessa sentir uma saudade: o futebol. Até a adolescência era lateral esquerdo e disputou campeonatos estaduais, mas deixou a bola de lado pelo risco de lesões. Hoje a natação protagoniza a vida de Ronan.
Uma protagonista e amiga, que o ajudou a compreender o próprio corpo e a descobrir o mundo que poderia conquistar. Uma série de conquistas que o trouxeram até aqui, prestes a ouvir o aviso sonoro da largada. A um instante de um mergulho rumo à série de vitórias que representa cada braçada do campeão que tirou a mão do bolso e se permitiu nadar em busca de seus sonhos.