Fake News e Direitos Humanos é tema de conversa no Labcom
Estudantes de relações públicas e jornalismo promovem debate acerca das Fake News e o papel da comunicação
Nessa terça-feira, 29 de outubro, estudantes de relações públicas e jornalismo promoveram o debate “Diálogos democráticos na Era da Pós-Verdade: o papel da comunicação na construção da sociedade”. O evento foi voltado para os universitários e possibilitou o aprofundamento e conversa a respeito do letramento do consumo midiático para cidadania. Os convidados a este evento foram: Michele Bravos, fundadora do Instituto Aurora e mestre em direitos humanos e políticas públicas, Rogério Galindo, jornalista e fundador do Jornal plural e Ester Athanazio, jornalista, assessora e fundadora da DePropósito.
Durante o evento, Barros explica que meias-verdades nascem em lacunas vazias do que não se sabe, preenchidas por “completas mentiras” que afastam de quem se é diferente, criando uma compreensão de competição com seus iguais e diminuindo a noção de comunidade e se tornando insensível a desigualdades e sentimentos e necessidades de outros humanos. Para ela, a indústria das fake news se apropria da vulnerabilidade do cidadão para explorar esse sentimento de insegurança e gerar dúvidas e cada vez maiores em questões de políticas públicas.
Ela também explica que os direitos humanos são afetados pela ideia do imaginário coletivo construído, reforçando estereótipos irreais. Segundo ela, dois em cada três brasileiros acreditam que direitos humanos não tem a ver com seu dia a dia, e mais da metade da população não acredita que todos mereçam os mesmos direitos. “O humano é detentor de direitos, e não merecedor. Não é uma questão de mérito”, afirma Michele. E as consequências são claras: violência, punição, desigualdade social, opressões, e a criação de uma sociedade narcisista. Para ela, para se afastar dessa realidade de verdades construídas e egoístas, a comunicação social, como um todo, se insere como peça chave: precisamos de uma mudança cultural que deve acontecer pela mídia e pela arte, reconhecendo o outro como parte da sociedade comunitária, exercendo o senso crítico, o pensamento comum e disseminando verdades inteiras.
Rogério Galindo, jornalista, fundador do Jornal Plural, discorre sobre a gênese da fake news e a sua influência no jornalismo. Segundo ele, a internet abriu espaço para que o consumidor pudesse produzir seu próprio conteúdo, o que deu abertura para diferentes formas de comunicação e possibilidades nunca antes vista na humanidade. Empresas podem, de maneira sofisticada, vender anúncios e prender em bolhas ideológicas, apenas para atingir uma demografia (seja para questões financeiras, seja para questões ideológicas). O jornal coordenado por Galindo, o Jornal Plural, vem com uma ideia de falar do local — fazer algo, aproximar o leitor de sua realidade. “Só fazendo esse jornalismo sério, correto e aprofundado, vamos conseguir fazer algo”, afirmou Rogério.
A roda de conversa também contou com o conhecimento de Ester Athanazio, a qual questionou os alunos o motivo para terem entrado em cursos de comunicação — e contou a sua história. “O jornalismo pode contribuir para uma cidade mais plural, pessoas mais humanas”, contou. A notícia, que antes defendia uma mudança social e contraposição do governo, muda com o passar dos anos, assumindo um papel de vigilância e passando uma cobertura negativa, minimizando boas publicações e conteúdos positivos. “Isso gera cidadãos apáticos e insensíveis, e a máquina por trás das fake news se alimenta disso”, afirmou. E fazer frente a essa estratégia de comunicação contribui ao debate público. “Eu me tornei assessora para defender isso, e eu acredito que dar voz a essas iniciativas promove uma boa qualidade para notícias, engajamento e reflexão” finalizou Ester.
Texto – Bruno Talevi
Foto – William Pietrangelo