“O bom pesquisador vive a pesquisa todos os dias”
Roberto Pecoits Filho é professor da PUCPR há 18 anos e foi eleito um dos 100 mil cientistas mais influentes do mundo
Toda a trajetória de Roberto Pecoits Filho até se tornar um dos 100 mil cientistas mais influentes do mundo começa com seu avô, Dr. Walter Pecoits. Ele foi o primeiro médico da cidade de Francisco Beltrão, daqueles antigos que faziam um pouco de tudo, muito respeitado na região. “Meu avô era meu herói. Quando criança eu grudava nele e ia junto ficar o observando trabalhar no hospital”, conta Roberto, que faz parte da terceira geração de médicos da família.
Inspirado no avô e motivado pela vontade de se doar e ter impacto na vida das pessoas, Pecoits ingressou no curso de Medicina da PUCPR em 1987. Já na faculdade ele sabia que tinha um perfil clínico, e viu na área de nefrologia uma oportunidade de carreira variada. “É uma especialidade muito dinâmica, não tem um dia igual ao outro”. Depois de formado, Pecoits fez residência nos Estados Unidos e doutorado em Nefrologia na USP, até que se mudou para a Suécia para trabalhar como pesquisador.
O retorno à PUCPR
“Eu estava me firmando em Estocolmo, até que um dia recebi uma ligação do professor da PUCPR que coordenava o Programa de Pós-Graduação em Ciências de Saúde, que precisava de gente para compor o corpo docente. Esse professor era o Waldemiro Gremski, hoje reitor da Universidade”, conta Pecoits. Após deliberar, o médico concluiu que seus trabalhos em pesquisa poderiam ter mais impacto no Brasil e decidiu voltar para a PUCPR, desta vez como professor.
Pecoits começou fazendo pesquisas translacionais dentro dos laboratórios da Universidade e logo incorporou a ciência à sua atividade clínica, fazendo estudos de observação e intervenção. “Quando consegui aliar minha experiência como médico nefrologista às minhas perguntas, comecei a convidar pacientes para participarem de pesquisas como voluntários”, conta. Por meio de seus estudos, o professor chegou a conclusões importantes sobre como melhorar o entendimento de doenças renais crônicas e como fazer seu diagnóstico e tratamento.
Além da produção de conhecimento, o professor coordenou o programa de Pós-Graduação em Ciência e Saúde por quase dez anos, e leciona na Universidade há 18. Nesse tempo, publicou cerca de 300 artigos e orientou mais de 40 estudantes de pós-graduação. Atualmente, Pecoits atende os estudantes de forma remota, já que deu um novo passo em sua carreira: mudou-se para os Estados Unidos para ser pesquisador e professor na Universidade de Michigan.
Fazendo a diferença na ciência
“É sempre muito bom ver que o que estamos fazendo tem impacto e está mudando as coisas. Esse grupo de pesquisadores foi reconhecido porque faz a diferença e move a ciência nas suas áreas”, reflete o professor acerca do ranking dos 100 mil cientistas mais influentes do mundo, segundo o Journal Plos Biology. Para ele, é um orgulho ter produzido conhecimento que transforma a maneira como a comunidade médica trata seus pacientes.
Após tantos anos de experiência na área científica, Pecoits defende que aqueles interessados por ciência médica precisam de posição proativa e “atitude de pesquisador”. “A Medicina é cheia de hiatos de informação. Se você percebe que a decisão que precisa tomar para aquele paciente ainda não é conhecida, a melhor opção vai ser engajá-lo numa pesquisa para responder a sua pergunta. Esse é o perfil do bom pesquisador médico, que leva esse tipo de conceito para o seu dia a dia”, reflete.
Para Pecoits, uma das partes mais gratificantes de trabalhar produzindo ciência foi a oportunidade de ajudar na formação de novos médicos e ser não só pesquisador, mas também professor. “Você não faz pesquisa dentro da universidade sozinho, faz com várias pessoas e muitas delas estão em treinamento, olhando para o seu trabalho como exemplo e inspiração”.