Professor do curso de Direito da PUCPR recebe título de cidadão honorário de Curitiba
Formado na PUCPR e professor da Universidade há 16 anos, Flávio Pansieri é reconhecido nacionalmente como defensor da democracia e da pluralidade de pensamento
O caminho de Flávio Pansieri até ser condecorado com o título de cidadão honorário de Curitiba é longo e cheio de conquistas. Natural de Jacarezinho, ele reside na cidade desde 1989, e neste ano recebeu a honraria devido ao seu trabalho em defesa da democracia e da pluralidade de pensamento. A história do professor na área de Direito começou na PUCPR, há exatos 20 anos, quando se formou no curso em que hoje leciona.
Para Flávio, a escolha da profissão veio da vontade de exercer um papel relevante na sociedade. Na época da graduação, em 1997, ele fundou um grupo de pesquisa dentro da Universidade com outros estudantes, em comemoração aos 10 anos de redemocratização do Brasil. O projeto, que nasceu a partir da participação dele em um congresso, era originalmente um coletivo de jovens que se reuniam com os principais constitucionalistas brasileiros e professores de todo o país.
Hoje, a Academia Brasileira de Direito Constitucional (ABDConst) possui mais de 100 grupos de pesquisa espalhados pelos 27 estados brasileiros, publica uma revista de circulação nacional e organiza o maior evento de Direito Constitucional do Brasil. “Hoje somos uma escola de pensamento democrático”, conta Flávio. O jurista foi presidente da instituição por três gestões, até 2012. Devido ao projeto construído, Flávio foi chamado para fazer parte da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), e tornou-se o conselheiro estadual e federal mais jovem da história.
“O projeto virou um espaço aberto de democracia e contra o totalitarismo, que pretende defender e lutar pela democracia sem lado político partidário. É um grande projeto de democracia nacional, que reúne direita e esquerda para discutir a democracia real”, explica. Os ideais da instituição são os mesmos que vieram a nortear a carreira profissional e acadêmica de Flávio até hoje.
Diálogo em sala de aula
Para o professor, as pessoas não escolhem o magistério, mas são escolhidas por ele. Desde 2005, Flávio é professor da PUCPR na disciplina de Direito Constitucional. “É algo que está dentro da gente, essa ideia de construção de um diálogo permanente com o outro, é o que nos impulsiona para a sala de aula”, reflete. A oportunidade de dar aula surgiu logo após finalizar seu mestrado na USP, ocasião em que estudou sobre Direitos Fundamentais.
Flávio sempre conciliou a advocacia com a carreira de pesquisador. Seu mestrado resultou na publicação do livro “Eficácia e Vinculação dos Direitos Fundamentais”, que esgotou logo após a publicação. Já a tese de doutorado, desenvolvida na UFSC acerca de Direito Constitucional, foi base para uma série de quatro livros intitulada “Liberdade do Pensamento Ocidental”, uma das mais vendidas do segmento atualmente. Já o pós-doutorado, realizado na USP, foi publicado no livro “Regulação do Setor de Petróleo e Gás”.
“Sempre acreditei que a pesquisa deve ser algo que sirva à coletividade, não única e exclusivamente para afirmação das minhas ideias. Escrever e publicar livros é uma experiência de servir ao outro”, opina. A filosofia de trabalho demonstra resultados: recentemente, Flávio foi classificado como um dos constitucionalistas mais citados pelo Supremo Tribunal Federal nos últimos dez anos.
Direito de pensar diferente
Aos 44 anos, Flávio planeja seu futuro profissional: contribuir para que o mundo à sua volta seja menos radical, mais plural e não perca seus valores. Os anos de experiência dentro da Academia Brasileira de Direito Constitucional lhe deram o privilégio de conviver com pessoas diferentes, que veem o mundo sob uma pluralidade de olhares, contribuindo pra esse propósito. “O desafio do convívio na pluralidade é ser capaz de exercitar seus argumentos para melhorá-los quando você enfrenta um argumento de qualidade que é oposto do seu, ou então revê-los”.
Para o professor, a tolerância é essencial para a existência humana, e a democracia deve ser construída no dissenso a partir da capacidade de ouvir o outro. Esse é, na opinião dele, o desafio do século. “O desafio da geração que vem, dos meus estudantes, é encontrar os significados para suas existências sem que eles sejam levados a movimentos de impulso radical, pra que tenham causas e bandeiras, mas sejam razoáveis, humanos, verdadeiros para com os fatos”, analisa.