Propósito e superação: professor completa Ironman em homenagem à mãe e colega
Kleber Candiotto chegou ao final da prova depois de treinar por 10 meses
Foi carregando uma faixa com os dizeres “In memorian de mãe e Gilmar” que o professor Kleber Candiotto, da Escola de Educação e Humanidades, atravessou a linha de chegada do Ironman, no dia 26 de maio, em Florianópolis.
Depois de 10 meses de treino intenso, 3 lesões e sem nunca ter participado de uma prova como essa, a sensação foi de missão cumprida: “concluí que, para realizar uma prova tão difícil, é preciso ter muita resiliência, disciplina, determinação e, sobretudo, um propósito”.
A ideia de ingressar na competição surgiu durante sua despedida como decano da Escola. Na suaúltima reunião, em junho de 2018, docentes se reuniram para realizar uma homenagem ao professor Kleber e aproveitaram para desafiá-lo. Na época, o professor Gilmar Bonato, coordenador do curso de Matemática, estava em recuperação de um câncer no estômago. O colega tornou-se motivação para dar início à preparação.
Outra inspiração que se somou foi sua mãe. Sempre incentivadora do filho, dona Maria Ivonir não deixou de apoiá-lo nessa nova jornada: “minha mãe sempre me falava que eu era um filho muito aventureiro, muito ousado. Falava para ela que ia fazer uma prova dessa e ela ficava muito orgulhosa”. No entanto, seu falecimento repentino, em agosto do ano passado, foi um dos maiores impactos sofridos no processo.
Junto com ele, o professor Ericson Pereira, do curso de Educação Física, topou o desafio de fazer de Kleber seu primeiro treinamento para um Ironman. Em menos de um ano, foram aproximadamente 3.800 km pedalados, 1.400 km de corrida e 320 km de natação, que deram o condicionamento necessário para cumprir o teste de resistência. A intensidade dessas atividades em um período reduzido de tempo levaram a lesões no joelho, adutor e tornozelo.
Uma interrupção na rotina se deu com uma viagem internacional do professor Kleber. No seu retorno ao Brasil e aos treinos, o colega de profissão o professor Gilmar Bonato estava bem mais debilitado por conta da doença. Já internado, Bonato faleceu 15 dias antes da data marcada para o Ironman. “Fui a última visita dele. Eu fui vê-lo na sexta à tarde e ele acabou falecendo na madrugada de sábado”, conta Kleber.
No dia tão aguardado, nem uma gripe forte contraída três dias antes, nem as dificuldades de um iniciante fizeram com que Kleber desistisse. Ao longo de 12 horas e 46 minutos, sem tempo de descanso, ele nadou 3.800m, percorreu 180 km de bicicleta e completou a maratona de 42 km. Nos pontos de maior dificuldade -a fraqueza nos pedais e o cansaço ao final da corrida- o professor buscou inspiração na faixa que carregava e prometeu levar até o final.
Sem nunca ter feito triatlo, nadado no mar ou mesmo subido em uma bicicleta de velocidade, o ex-decano de Educação e Humanidades cumpriu o desafio lançado pelos seus colegas e foi vitorioso em sua maior e mais desafiadora homenagem: “o sentimento foi de superação e honra, por poder homenagear minha mãe e meu amigo recém falecidos”.