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Pesquisa - 16 jun 2021

Covid-19 pode afetar a placenta de grávidas e prejudicar o pleno desenvolvimento do bebê, aponta estudo da PUCPR em parceria com a UFPR e o IPP

Placenta tem como uma de suas funções levar oxigênio e nutrientes ao bebê

Órgão gerado durante a gravidez, a placenta une o feto à parede do útero materno e permite que o bebê receba nutrientes e oxigênio, além de atuar na eliminação de dióxido de carbono e resíduos nitrogenados. Uma placenta saudável, portanto, é crucial para uma gestação também saudável. Grávidas com Covid-19, no entanto, podem ter o órgão prejudicado, o que gera reflexos nos fetos, como nascimento prematuro e até mesmo morte intrauterina, apontou trabalho que contou com a participação de pesquisadores da PUCPR, da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e do Instituto Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe (IPP).

Os cientistas analisaram as placentas de mães com diagnóstico do novo coronavírus durante a gestação, tanto com quadros graves a moderados, que precisaram ser internadas por conta da doença, quanto mulheres com quadro leve de Covid-19, que permaneceram em casa e compareceram ao hospital somente para o parto. O estudo foi realizado no Hospital de Clínicas (HC) e no Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG), com consentimento das pacientes e aprovado pelo comitê de ética das instituições.

“O objetivo era determinar o tipo de alteração que as placentas dessas pacientes apresentavam e correlacionar essas alterações com o estado clínico dos bebês em uma tentativa de, no futuro, tentar prever as consequências da Covid-19 materna para os fetos”, conta a professora Lucia de Noronha, da Escola de Medicina da PUCPR.

Lucia explica que as grávidas que desenvolveram quadros moderados e graves da doença apresentam lesões vasculares na placenta, o que pode prejudicar o pleno desenvolvimento do feto. Nesse sentido, foram verificadas consequências para os bebês, como morte intrauterina, óbito logo após o nascimento e nascimentos prematuros. Alguns recém-nascidos também precisaram ser hospitalizados por terem sido infectados com o vírus. As pacientes com forma leve da doença, porém, deram à luz a bebês saudáveis e suas placentas não apresentaram lesões decorrentes da infeção pelo SARS CoV-2.

A maioria das grávidas que participaram do estudo tinham comorbidades, como obesidade, diabetes e hipertensão. O próximo passo, de acordo com os pesquisadores, é seguir com o trabalho, agora com gestantes sem comorbidades.

Prevenção é a melhor saída

A professora da Escola de Medicina da PUCPR conta que a prevenção é a melhor saída para as grávidas não se contaminarem com a Covid-19, vez que, até o momento, não há terapias específicas para o tratamento da doença comprovadamente eficazes.

“Em algumas situações, os obstetras preferem induzir o parto prematuro para retirar o bebê e evitar que ele morra no útero. Mesmo assim, algumas crianças pegaram coronavírus das mães, pois a doença pode ser transmitida por meio da placenta. Bebês recém-nascidos com Covid-19 podem desenvolver a forma grave da doença e falecer”, pontua Lucia.

O estudo “Association between COVID-19 pregnant women symptoms severity and placental morphologic features” foi publicado no periódico Frontiers in Immunology, revista científica referência em imunologia. Além de pesquisadores da PUCPR, participaram do trabalho profissionais da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe (IPP).

Assista à reportagem veiculada na RPCTV sobre a pesquisa: