A experiência de trabalhar em uma organização internacional
Pós-graduada pela PUCPR integra braço da ONU que cuida de migrações, dando apoio a venezuelanos que buscam residência temporária no Brasil na fronteira do país com a Venezuela, em Roraima
Uma pós-graduação pode abrir portas inesperadas ou ser exatamente o curso que uma carreira precisava para se alavancar. Graduada em Relações Internacionais, Nerissa Krebs Farret se especializou em História Contemporânea e Relações Internacionais, virou mestre em Filosofia e está no doutorado de Filosofia, os três cursos na PUCPR. Nerissa hoje trabalha em Pacaraima, na região Norte do país, para a Organização Internacional para as Migrações (OIM), braço da Organização das Nações Unidas (ONU), uma das entidades mais buscadas pelos profissionais de sua área.
A cidade do estado de Roraima é um dos principais pontos de acesso de venezuelanos que fogem da crise humanitária vivida pelo país, buscando abrigo no Brasil. De acordo com Nerissa, ao chegarem à fronteira, os venezuelanos encontram três opções: ingressar no país como turista, iniciar o trânsito para refugiados ou buscar residência temporária. “Nosso trabalho está em facilitar o acesso à residência temporária. Ao lado de outras duas coordenadoras, nós gerenciamos uma equipe de 10 pessoas, dando auxílio a essas pessoas”, explica.
Para chegar a Pacaraima e trabalhar em um dos braços da ONU, a profissional abraçou uma das oportunidades que recebeu em sua carreira na pós-graduação. “Em julho, recebi o convite de uma organização missionária para passar uma semana em Boa Vista, também em Roraima, trabalhando como voluntária em abrigos”, relata. “Quando estava lá, soube que a OIM abriria uma vaga e mandei meu currículo. Comecei a trabalhar em outubro”, acrescenta.
Ao se deparar no dia a dia com famílias em situação de vulnerabilidade, Nerissa relata que há uma mudança em como se passa a enxergar a própria vida. “A forma como vivemos e a maneira como valorizamos coisas materiais, que não têm a menor importância em uma situação de crise humanitária. Vivemos de tudo no dia a dia. Há pessoas que chegam em condições um pouco melhores da Venezuela, com alguma perspectiva. Mas há aqueles que chegam sem nada, sem acesso a nada”, avalia.
Capacidade de enxergar o mundo
Em um mundo cada vez mais globalizado, o profissional de Relações Internacionais tem sido buscado não só por entidades internacionais e governos, mas também por empresas multinacionais e por empresas inovadoras iniciantes, as conhecidas startups. “Quanto mais globalizado o mundo e mais startups surgirem buscando o mercado exterior, e também serem competitivas no mercado interno, mais oportunidades para profissionais da área”, opina.
Em um mundo sem fronteiras, contar com profissionais capazes de ter uma visão mais ampla de economia e ciência política deixa de ser um luxo, mas uma necessidade, especialmente para companhias que atuam em áreas que envolvem importação e exportação. Além disso, os profissionais de Relações Internacionais costumam falar com fluência, no mínimo, dois idiomas, o que se torna um diferencial e uma necessidade para as empresas.
Nesse sentido, Nerissa destaca a capacidade analítica dos profissionais da área de Educação e Humanidades, com uma visão mais abrangente do mundo. Em vez de focarem apenas no problema, eles costumam buscar fatores e situações que nem sempre parecem estar relacionados, mas influenciam diretamente no desempenho de uma empresa ou para resolver determinados casos. “O profissional com essa visão global está sendo mais valorizado. Tanto no Brasil quanto no mundo, as relações estão mudando”, analisa.