Automação modificará desde indústrias a atividades do dia a dia
Aprendizagem contínua é essencial para ter profissionais qualificados no setor
O cenário da automação industrial está em ascensão e aceleração, muito impulsionado pela pandemia. Por isso, algumas empresas perceberam que é necessário automatizar os processos industriais e também os de negócios.
A Indústria 4.0 já estava se desenvolvendo
“Apesar de ainda não estar tão acelerada quanto nos países desenvolvidos, aos poucos as empresas brasileiras estão percebendo que quem ficar de fora, ficará de vez. A empresa não conseguirá acompanhar a concorrência, esse já era um dos grandes riscos da não automatização, risco ainda da 3ª Revolução Industrial”, detalha o professor Ricardo Alexandre Diogo do curso de Automação Industrial da PUCPR.
Ele explica que a automação industrial antes de 2010 era algo viável somente para grandes empresas, no entanto, hoje ela está se tornando acessível para pequenas e médias. Então, as oportunidades de negócio para automação industrial tendem a aumentar. Ele também ressalta que Automação industrial nem sempre é de maquinário: pode ser sistema, é a automatização junto da informatização. Investir na Indústria 4.0 também pode contribuir com a redução de, no mínimo, R$ 73 bilhões em custos por ano, conforme a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
Principais tendências da área no futuro
Algumas das principais tendências da automação para o futuro são a automação residencial, a Internet das Coisas (que é um dos pilares da Indústria 4.0), a coleta de dados para a nuvem, entre outros. Em resumo, tudo que possa gerar valor para o negócio, como máquinas com inteligência artificial para otimizar processos e o tempo da empresa e de suas equipes são boas apostas.
No dia 04 de novembro, o Ministério das Comunicações e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) realizaram o leilão do 1º 5G da América Latina. Ele começará a ser disponibilizado nas capitais e em Brasília até julho de 2022. O docente ressalta que a automação precisa muito de conectividade e da Internet. “O 5G está vindo com a promessa de resolver a conexão sem fio com altíssima velocidade, muito similar à da fibra ótica”. O 5G pode ser até 20 vezes mais rápida do que a geração anterior, com tempo de resposta até 50 vezes menor e eficiência energética até 90% superior ao 4G.
O professor explica que no Brasil, a chegada do 5G para o agronegócio é de extrema importância. “É uma tecnologia fundamental que irá facilitar o trabalho do grande, médio e pequeno produtor rural. Ele conseguirá rastrear o que produz, fazer medições no campo, verificar tempo de processos. Também é preciso lembrar que conforme passar o tempo, o custo será mais acessível”.
Ainda entre as principais tendências da área de automação industrial estão a robotização dos processos, de carros, caminhões e tratores autônomos, a logística interna de empresas, a Internet das Coisas na indústria, campo, transporte, casas, lojas e empresas. Todo esse processo de automação e conexão irá gerar muitos dados que podem ser extraídos dos negócios para gerar valor para essas empresas.
Como manter-se atualizado
Ricardo comenta que, na área de automação industrial, é necessária uma formação constante, o que chamamos de lifelong learning (aprendizado para a vida toda).
A Universidade é um meio e os professores estão preparados para guiar os estudantes na busca do conhecimento e a formação por competências. Somado a isso, o autoaprendizado também é importante, o profissional precisa saber buscar meios de aprender.
Para quem vai trabalhar com automação industrial no contexto da Indústria 4.0, não basta ter conhecimento tecnológico. O profissional precisa saber como aplicar esse contexto em diversas situações-problema. Ele precisa ser multidisciplinar e trabalhar com equipes multidisciplinares. Para tanto, precisa desenvolver habilidades profissionais e pessoais. Ele precisa inovar e empreender, não apenas em negócios próprios, mas dentro das empresas, com o objetivo de fazê-las crescer e evoluir.
Novas tecnologias e tendências
Das tecnologias 4.0, as que têm evoluído muito são as que aplicam a inteligência artificial e o aprendizado de máquina. Com a IA é possível modernizar a robótica industrial para colaborativa e autônoma. Até um tempo atrás, predominava a robótica totalmente programada por um humano, mas a robótica autônoma já tem um pouco de inteligência artificial. No entanto, quem coloca esse algoritmo no robô ainda é um humano, então o profissional de automação industrial se torna importante.
O profissional precisa saber integrar as máquinas e sistemas, e as pessoas. A Transformação Digital (Indústria 4.0) não transforma apenas as tecnologias, mas também a forma de trabalho. As pessoas também precisam mudar o seu mindset (como irá conversar, entender seus problemas e ajudar a chegar na solução de forma conjunta). As pessoas precisam ter essa formação integral, tecnológica e também profissional, como opina o professor.
Além disso, ele ressalta que é necessária a nacionalização dos maquinários para não depender apenas de tecnologia externa, essa é uma forma de alavancar a tecnologia brasileira.
Importância da formação completa
As Soft skills sempre foram importantes, mas hoje mais ainda: o trabalho em equipe, criatividade, autoaprendizado, solução de problemas e proatividade são alguns exemplos de habilidades necessárias para a força de trabalho do presente e do futuro.
Dentre esses trabalhadores, há o experiente, o profissional que já está no mercado e tem as soft skills, mas precisa de atualização tecnológica. Já o profissional recém-formado não tem experiência de empresa. A formação dentro da Universidade tem que ser não só de conhecimento tecnológico, mas também de como se comportar dentro das empresas.
Ricardo destaca que o trabalho em equipe dentro do ambiente acadêmico tem sido muito valorizado para que o profissional chegue melhor qualificado para o mercado de trabalho.
“Para isso, nós temos trazido os ambientes empresariais para dentro da Universidade. Temos disciplinas extensionistas, nas quais colocamos problemas reais das empresas para nossos estudantes proporem soluções tecnológicas. Pessoas que trabalham nessas empresas conversam com os estudantes para eles entenderem o problema e conversar com quem já trabalha no chão de fábrica. Parte do processo de aprendizagem vem dessas conversas, que muitas vezes vêm com críticas e é necessário aprender e crescer com elas”, explica o docente.
Todo o processo fica em constante validação com a empresa e stakeholders para a implementação.
Características e habilidades
As principais características para quem deseja trabalhar com essa área, segundo o professor, são afinidade com tecnologia, matemática, programação e física. “São máquinas que operam por meio de algoritmos. Em robótica trabalhamos muito com movimentos, então o estudante precisa saber de física, principalmente mecânica e elétrica”, enfatiza.
Por ser uma área em constante atualização, a pessoa precisa ter afinidade pelo autoaprendizado e não parar com uma formação básica. A flexibilidade e resiliência também são características muito importantes. Isso tudo somado a estar apto a comunicação (conversar com diferentes pessoas), ser criativo, inovador, ter alguma característica empreendedora (dentro e fora da empresa).
O curso de Automação Industrial oferecido pela PUCPR foi moldado para receber quem está saindo do ensino médio e quer fazer um tecnólogo em automação industrial e para quem deseja se atualizar (reskilling).
Automação Industrial da PUCPR
O estudante ingressa no curso e aprenderá os conceitos. Depois, terá as ideias para aplicá-los e tentar resolver desafios ou projetos. “Essa é uma ideia do link da extensão, para resolver pequenos problemas das empresas, por meio do curso de Automação Industrial. Assim, tem-se a formação integral voltada para o meio profissional”, detalha.
“Nosso laboratório tem tecnologia de ponta para automação industrial. Trabalhamos com robótica colaborativa e Internet das Coisas. É um curso que está bem antenado com a Transformação Digital”, destaca.
O curso de Automação Industrial usa metodologias ativas de aprendizagem, nas quais o estudante é o foco e o principal ator do seu processo de aprendizagem.
Confira o artigo dos docentes Eduardo Loures e Marcos Saturno sobre o profissional de automação industrial.
Conheça o curso de Automação Industrial da PUCPR.