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Pesquisa - 15 fev 2022

De Marie Curie à Jaqueline de Jesus: as mulheres revolucionam a ciência

Seis pesquisadoras da PUCPR, em diferentes etapas da carreira, contam como é ser uma mulher da ciência

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A Doutora em Ciências da Saúde, Alexandra Cristina Senegaglia, descreve o Núcleo de Tecnologia Celular da PUCPR, universidade do Grupo Marista, em uma frase “Somos em maioria mulheres”. Ela, que teve o interesse pela ciência despertado por documentários sobre a vida marinha que assistia ainda criança, hoje é Professora Adjunta da Escola de Medicina e Ciências da Vida.

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Alexandra trabalha ao lado de mais 22 pessoas, 17 delas, mulheres. Contaremos a história de cinco delas aqui:

Raphaella Fornazari

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Ela é a mais jovem do grupo: tem 21 anos. Estudante de Biologia da PUCPR, Raphaella se divide entre a graduação, a iniciação científica e um perfil no TikTok em que mostra curiosidades de biologia para mais de 60 mil pessoas.

Letícia Fracaro

A Letícia é Analista em Cultivo Celular na PUCPR. Além de ser colaboradora da universidade, ela também é pós-doutoranda e participa de uma pesquisa que avalia os efeitos de infusão de células-tronco em modelo animal da doença de Parkinson.

Fabiane Barchiki

Fabiane é colaboradora da PUCPR, ocupa o cargo de Analista de Cultivo Celular e é Doutora em Ciências da Vida pela universidade. É a única mãe do grupo e dividiu alguns dos desafios de ser pesquisadora e mãe, uma vez que as duas atividades exigem dedicação em tempo integral:

“Eu escolhi ser mãe, durante a gestação tive de alterar as rotinas de trabalho no laboratório. Os momentos de silêncio em casa, em que eu lia os artigos científicos grifando e rabiscando nas laterais são mais difíceis de ocorrer. As atividades científicas realizadas fora de expediente sempre ocorreram por prazer de estudar e é claro que era um diferencial ter este tempo a mais para se dedicar  à ciência. Gradualmente o ritmo de trabalho de Pesquisadora e Mãe retorna ao que era antes, quando tinha somente o posto de Pesquisadora. Seis anos já se passaram e sei que ainda estou no caminho para atingir o meu objetivo profissional, mas estou muito feliz com minha família”

É importante ressaltar que foi só em abril de 2021 que o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) reconheceu o tempo de licença-maternidade para ser incluído no Currículo Lattes. Não ter esse registro trazia dificuldades para as pesquisadoras que desejavam ser mães. Muitas vezes, inclusive, isso interferia na escolha de ter ou não um filho.

Ana Helena Selenko

É formada em Biotecnologia pela PUCPR. Durante o curso, Ana fez dois anos de Iniciação Científica e agora se prepara para começar o mestrado na universidade.

Há diferentes tipos de bolsas de iniciação científica oferecidas pelo CNPq. De forma geral, 59% dos bolsistas são mulheres. Já nas bolsas de produtividade, consideradas as de maior prestígio entre os pesquisadores, apenas 36% dos contemplados são mulheres. Neste grupo de bolsas, há o 1A (com prestígio ainda maior) e o número de mulheres participantes é ainda menor: apenas 25% são direcionadas para o sexo feminino.

Maria Luiza de Castro

Também formada em Biotecnologia, Maria Luiza é doutoranda em Ciências da Saúde pela PUCPR. O projeto a que ela se dedica relaciona células-tronco e genética da doença hanseníase. Além disso, ela também representa os alunos da pós-graduação em Ciências da universidade.

Durante a nossa entrevista, as diferenças de apoio entre as pesquisas lideradas por homens e lideradas por mulheres foram citadas em diferentes momentos. A Academia Brasileira de Ciências, por exemplo, em mais de cem anos de existência nunca teve uma mulher na presidência. E o processo de indicação para ocupar o cargo é interno: apenas 14% dos votantes são mulheres.

Apesar disso, elas comentam que a PUCPR é uma exceção: a maioria das pessoas a frente dos Núcleos de Pesquisa é de mulheres – o mesmo acontece nas coordenações de cursos e nos decanatos.

Essa disparidade entre homens e mulheres tende a diminuir cada vez mais. Por isso, elas afirmam que é importante ter a confiança de que as mulheres podem sim ingressar na ciência (e em qualquer área que desejam). “Não duvide de você”, fala Raphaella Fornazari, que tem como inspiração Marie Curie – por ter dado a vida pela pesquisa e, ainda assim, ter a maior parte dos créditos dada a seu marido Pierre.

Alexandra também fala sobre a importância de mudar o pensamento para diminuir as barreiras na ciência: “Nada pode te limitar. Todos devem ter as mesmas oportunidades e as mesmas condições”. Ela comenta o quanto é necessário incentivar as pessoas desde pequenas a pensarem em ciência como uma possibilidade de trabalho: “as crianças precisam saber que ciência é para todo mundo”.

Parte das pesquisadoras do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS).