As mudanças que a pandemia de coronavírus causou nos ambientes de trabalho já foram sentidas por todos, mesmo que sob diferentes perspectivas. Conversões para home office, alterações nos horários ou rotinas de trabalho e mesmo demissões foram algumas das alterações motivadas pela doença.

Foi por conta deste cenário e para trocar ideias sobre as perspectivas para o futuro do trabalho que a coordenadora do PUC Carreiras, Isabela Albuquerque, convidou Taís Targa, Job Hunter e especialista em recolocação, para uma conversa online nesta terça-feira (19). O encontro, transmitido ao vivo pelo Youtube da PUCPR, complementa a pesquisa feita pelo PUC Carreiras em abril, mostrando as mudanças nas habilidades desejadas por empresas e recrutadores neste período de crise e no pós-pandemia.

Um dos pontos abordados pelo estudo é, justamente, a diminuição do número de vagas abertas. Com menos de 30 dias de isolamento social, 23% das empresas consultadas pelo PUC Carreiras cancelaram as contratações para 2020 e em 42% delas as admissões de novos colaboradores foram adiadas. Isabela Albuquerque destaca que, antes da pandemia, o Brasil vinha em um movimento de recuperação dos empregos, o que foi completamente colocado por terra. “Já temos estimativas divulgadas pela Exame que falam da possibilidade de mais 5 milhões de desempregados depois da pandemia, o que vem depois de alguns anos já com desemprego alto”, comenta. A Job Hunter Taís Targa destaca que é possível que depois da pandemia também não haja oportunidades de recolocação no modelo de CLT para todos. “Este é um momento para sermos bastante flexíveis, porque há perspectivas de desemprego e diminuição de vagas celetistas”, comenta.

Mudanças nos perfis procurados

Contrações em outros modelos, inclusive, foi outra mudança para o futuro do trabalho apontada por Taís, que é especialista em recolocação. Segundo ela, isso já era bastante comum no exterior e com a crise, deve ser um dos movimentos acelerados. “A gente já percebe uma tendência de contratação em modelos que não o CLT, como freelas, ou PJ (pessoa jurídica). Isso já acontecia no exterior e com a nova legislação trabalhista no Brasil isso deve aumentar”.

O que já ficou claro é que as habilidades valorizadas pelo mercado foram repensadas. Depois do surgimento do novo coronavírus, segundo a pesquisa do PUC Carreiras, as três habilidades mais importantes para os recrutadores passaram a ser resiliência, comprometimento e flexibilidade. Para Taís, isso significa que, em última instância, a inteligência emocional será o mais importante para as empresas a partir de agora. “Pessoas com maior flexibilidade emocional e cognitiva entregam melhor os resultados e são mais buscadas pelas empresas”, explica.

O que fazer a partir de agora?

Com tantas coisas acontecendo, pode ser difícil saber o que fazer. A coordenadora do PUC Carreiras destaca que não é possível, neste momento, planejar muito a longo prazo. “Eu tenho dito que é como se estivéssemos em uma estrada com uma neblina muito forte, em que precisamos pensar sobre o próximo passo, não podemos pensar tão lá na frente”.

Taís também dá algumas dicas práticas para quem está se sentindo um pouco perdido: “Não desperdice essa crise. Sela for bem trabalhada pode te levar a outro nível. Repense o que é prioritário para você, não se compare com os outros e use o tempo livre a seu favor. Escolha um hábito por vez para adquirir. Se ficar em dúvida sobre o que precisa desenvolver, pense sobre as suas fortalezas e peça para que as pessoas próximas a você na carreira te sugiram pontos a melhorar, e então você escolhe um. Além disso, foque no presente, viva um dia de cada vez.”.