Destaque

Destaque - 30 nov 2020

“A pesquisa me permite criar ao invés de reproduzir o que já está pronto”

Leandro dos Santos Coelho é professor da PUCPR há 20 anos e foi eleito um dos 100 mil cientistas mais influentes do mundo

Nascido em uma casa de médicos, Leandro dos Santos Coelho foi o único de sua família a escolher a área de exatas como profissão. Mas, para ele, seus estudos não estão assim tão longe da Medicina. “Toda a base de conhecimentos da Inteligência Artificial vem da biologia e dos conhecimentos que existem sobre o cérebro, e foi a influência da minha família que me fez optar por essa área de pesquisa”, conta.

Coelho iniciou a graduação em Informática na Universidade Federal de Santa Maria em 1990. Naquela época, os estudos sobre Inteligência Artificial estavam apenas começando. Ele combinou o curso com outra graduação em Engenharia Elétrica, e hoje as duas áreas se complementam dentro de suas pesquisas.

“Eu decidi fazer pesquisa principalmente porque ela me permite criar ao invés de reproduzir o que já está pronto”, explica o professor. Seu envolvimento com a ciência começou já na universidade, quando participou de projetos de iniciação científica, e desde então não parou mais. Foi durante o doutorado que Coelho recebeu um convite para se tornar professor da PUCPR, no curso de Engenharia de Controle e Automação. Para isso, precisaria apresentar sua tese em três anos ao invés de quatro – e ele decidiu aceitar o desafio.

Pesquisas aplicadas

“Gosto de estudos aplicados pois não são trabalhos feitos para ficarem apenas na estante, trazem retorno para o pesquisador e para a sociedade”, explica o professor. Suas pesquisas sobre Inteligência Artificial normalmente focam nas aplicações

da tecnologia no varejo, no comércio e na área financeira. “Minha formação em Informática me dá ferramentas, e a formação em Engenharia Elétrica me traz os estudos de caso”.

Além das pesquisas científicas, Coelho também tem uma ampla experiência de mercado que complementa seus conhecimentos. Ele presta consultoria para grandes empresas como Petrobrás, Aneel, O Boticário e Siemens, acerca da aplicação de IA em projetos. “Normalmente já há grupos de pesquisa e desenvolvimento nesses lugares, e eles buscam consultorias e mentorias visando inovação. Eles dizem ‘queremos fazer algo que ainda não existe no Brasil, como seria possível?’”.

O professor acredita que o reconhecimento como um dos 100 mil cientistas mais influentes do mundo pelo Journal Plos Biology é, na verdade, uma conquista coletiva. “Se você olhar os pesquisadores, todos tem coautores. Esse trabalho só é possível devido à colaboração com colegas, alunos de graduação, de pós-graduação e pesquisadores internacionais”. Coelho destaca a colaboração de sua esposa, Viviana Mariani, que também é professora da PUCPR no curso de pós-graduação em Engenharia Mecânica, e que participou de diversas publicações científicas com ele.

Inteligência Artificial como ciência

O professor avalia que a área da Inteligência Artificial é promissora para pesquisadores, e que a demanda por conhecimentos nesse segmento aumentou muito, especialmente nos últimos cinco anos. “Quem colaborou muito para isso foram as grandes empresas de mídia como a Google, que começaram a utilizar essa tecnologia em celulares e pequenos equipamentos que temos dentro de casa. Isso gerou muita curiosidade nas pessoas e as empresas passaram a buscar”, explica. Coelho analisa que há uma grande quantidade de investimento em pesquisas sobre IA, e que o suporte financeiro tem incentivado muitos pesquisadores a produzirem conhecimento na área.

Para aqueles interessados em mergulhar na ciência por trás dessas tecnologias, Coelho aconselha: “Pesquisadores precisam estar constantemente se atualizando. Principalmente quando se pesquisa inovação, é preciso estar ciente das publicações que saem na área, pois em questão de semanas um trabalho pode ser superado e deixar de ser relevante”. O professor incentiva a leitura semanal de sites especializados e a troca de ideias com colegas de área, assim como o trabalho constante em equipe para compartilhar conhecimento.