Estudante da Escola de Direito defende TCC em inglês
Foi a primeira vez que a Escola organizou uma banca de trabalho de conclusão de curso neste modelo
Passar por uma banca de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) costuma ser um momento de tensão na vida dos universitários. Fazê-lo usando um idioma estrangeiro, então, é ainda mais difícil. Porém, foi justamente este desafio que Lucas Augusto de Pádua Nogueira aceitou, no seu último ano como acadêmico de Direito da PUCPR. Todo o processo de produção e defesa do TCC foi feito em inglês, incluindo a banca julgadora, que também só usava o idioma estrangeiro.
O trabalho foi resultado de um longo caminho trilhado por Lucas no projeto de pesquisa sobre Arbitragem e Contratos Internacionais, liderado pelos professores Helena Coelho e Guilherme Barros, em que cursou disciplinas em inglês, fez pesquisas, e participou de competições acadêmicas na área, muitas delas deixando o português de lado. Para Lucas, foi uma conclusão natural, considerando a trajetória acadêmica e objetivos de carreira. “Um dos meus objetivos de vida é construir uma carreira internacional que me proporcione os meios para expandir meus conhecimentos e ter novas experiências. Mas, para fazer isso, é preciso bastante esforço e dedicação, e acredito que o quanto antes começar, melhor. Por isso decidi já fazer o próprio TCC em inglês”, conta.
A pesquisa, intitulada “Rules on the efficient conduct of proceedings in international arbitration (Prague Rules) versus the IBA Rules on the Taking of Evidence in International Arbitration: an analysis by the standard of the principle of due process of law under the Brazilian perspective”, analisa duas normas internacionais que podem ser aplicadas para resolver conflitos internacionais – as Regras de Praga e as Diretrizes da IBA (International Bar Association) – no contexto brasileiro.
De acordo com a professora do curso de Direito da PUCPR e coordenadora do projeto de pesquisa, Helena Coelho, o projeto acolhe estudantes desde o primeiro período do curso, e desde então eles têm contato com o idioma estrangeiro. “A maior parte das pesquisas internacionais são em inglês, os estudantes têm bastante contato com o idioma durante o projeto, então isso torna a escolha por fazer o TCC em inglês mais fácil. Além disso, a arbitragem é muito usada para resolver contratos internacionais, e ter produções nessa língua ajuda quem quer trabalhar ou publicar trabalhos na área”, explica.
Direito Globalizado
Apesar de o sistema de leis ser diferente em cada país, a globalização também trouxe efeitos para a área jurídica. A arbitragem ajuda, por exemplo, a resolver problemas entre empresas de diferentes países, cujas legislações são distintas, encontrando um caminho possível, em que ambas as partes se sintam confortáveis.
Segundo Guilherme Barros, coordenador do programa de pesquisa sobre Arbitragem e Contratos Internacionais, existem diferentes possibilidades de atuação internacional para os bacharéis em direito e, nesse sentido, o domínio do inglês é fundamental. “Um idioma estrangeiro abre portas dentro da advocacia, inclusive para atuação em organizações internacionais”, comenta. “No programa, o estudante sai melhor preparado para isso, com um vocabulário específico para a área de direito”, complementa.
Além disso, para Lucas Nogueira, produzir e pesquisar em um idioma estrangeiro é uma forma de se destacar no mercado. “É muito importante, para aqueles que procuram se inserir no direito, mostrar quais são os seus diferenciais, e o que o torna um profissional mais valorizado. O domínio de uma segunda língua evidencia um maior alcance e flexibilidade do profissional, e é aqui que entra a escrita do TCC”, observa.
Apesar de desafiadora, para Lucas, a experiência de escrever e apresentar um TCC em inglês é algo que deve ser vivido. “Eu estaria mentindo se dissesse que é fácil, mas definitivamente é algo realizável, e foi uma experiência que me trouxe conhecimentos que eu não teria alcançado se não tivesse escolhido fazer em uma língua estrangeira”, defende.