Estudante da PUCPR organiza campanha de doação depois da passagem de ciclone por Curitiba
Foi arrecadada uma tonelada de alimentos, além de centenas de roupas, calçados e cobertores, encaminhados para o bairro Caximba, em Curitiba
O último dia de junho trouxe um ciclone bomba que causou estragos em diversas partes de Curitiba. Com a ventania que alcançou 97 km/h, o dia virando noite, e vídeos dos impactos da chuva circulando pela internet em tempo real, muita gente sentiu medo. E não sem razão: quase 60 casas foram destelhadas, muitas outras ficaram sem energia elétrica por horas e centenas de chamados chegaram na Central 156.
Julia Augustini Hansaul, estudante do 2º período de Direito do Câmpus Curitiba, foi uma dessas pessoas. Mas, com uma casa confortável e segura, seu medo foi ainda maior pelas pessoas que não tinham a mesma estrutura. E ela decidiu tomar uma atitude. “Estava frio naquele dia. Eu estava com frio na minha casa, então fiquei imaginando as pessoas que não tinham esse mesmo conforto. Pensei que precisava usar o meu privilégio para fazer alguma coisa”, relembra. Inquieta, lançou, ainda durante a noite, uma campanha de arrecadação de itens de higiene, alimentos, roupas e calçados.
Com apenas 17 anos, Julia contou com uma rede de apoio para colocar a ação em prática. A começar com seus pais. Ela ainda não tem carteira de motorista e precisaria de ajuda para recolher as doações que surgissem. “No dia seguinte conversei com os meus pais e eles me apoiaram totalmente. Achamos que era justo nós recolhermos as doações, com toda a segurança, e não colocar as pessoas em risco fazendo elas levarem as coisas até nós, mesmo porque elas já estavam nos ajudando”, explica.
Além dos pais, ela teve ajuda da melhor amiga, que organizava as doações que chegavam e também conseguiu um caminhão, sem custo, com um colega da família, para levar as arrecadações: 1 tonelada de alimentos não-perecíveis, 300 pares de sapato, mais 100 cobertores, materiais de higiene pessoal, colchões e móveis, até a Caximba, em Curitiba, um dos bairros mais afetados pelo vento. As doações foram entregues para a instituição Amigos da Caximba, que atende crianças da região. De lá, os itens foram encaminhados para as famílias que mais precisam, de acordo com cada necessidade.
O contato de Julia com ações sociais vem desde a época da escola e pelo exemplo da família, que já havia feito doações para a mesma comunidade. E a universitária não quer parar. Assim que a pandemia passar, ela pretende fazer outras ações focadas em crianças, um dos grupos que mais tocam o coração da estudante, e já recebeu o apoio de amigos que se dispuseram a estar com ela nessa missão. “Penso em fazer um dia para que as crianças possam se divertir, com cama elástica, doação de brinquedos, etc. Muitas vezes, não se trata só de levar dinheiro ou comida, mas de disponibilizar seu tempo e atenção”, observa a estudante.
Julia diz que pretende levar o voluntariado em paralelo à carreira, mas um olhar mais atento para os planos da universitária para o futuro mostra que ela não deve deixar de lado este cuidado com o coletivo: a estudante pensa em atuar na Defensoria Pública ou no Ministério Público, órgãos que, em essência, trabalham para o bem da população e das pessoas que mais precisam.
Quando questionada sobre a possibilidade de divulgar a ação iniciada por ela, Julia responde de bate-pronto: “claro! Quero incentivar as pessoas a fazerem o bem”.