Formação continuada: um processo de desenvolvimento profissional e pessoal
*Regina Celina Cruz
A formação escolar é um processo no qual estamos inseridos desde muito cedo. Como um processo, segue etapas formais, com suporte de leis específicas e exigem, até o momento, a freqüência em escolas. Ao final da adolescência e início da idade adulta começa uma nova fase que, para muitos, é o ingresso no mercado de trabalho e para outros é a fase de ingressar no ensino superior.
O ingresso no ensino superior parece ser uma sequencia natural da escolarização, mas ainda é uma oportunidade que não é para todos. Aqueles que tem essa condição enfrentam os dilemas da escolha de um curso, o que é uma tarefa desafiadora face a tantas ofertas e, principalmente, em um tempo de tantas inovações e com as expectativas de investimentos para obter retorno cada vez mais imediato. Tomada a decisão, vão alguns anos de formação, com possibilidades de rever as escolhas iniciais e fazer ajustes para novas opções. Concluída a graduação, vem a etapa do exercício profissional.
Todavia, após a graduação, o trabalho pode ser exercido em campos ou áreas que não estão diretamente relacionadas com as escolhas e o título obtido no ensino superior, pois cada profissão pode apresentar variadas frentes de trabalho, muitas delas descobertas com o ingresso no mercado de trabalho ou são criadas diante de novas demandas sociais. No entanto, almeja-se um trabalho em alguma atividade condizente com a profissão para a qual se obteve o título de graduação. Mas há a preocupação acerca do preparo para isso. Com tantos conhecimentos e experiências no ensino superior, ao chegar ao final do curso é comum ouvir relatos sobre esse tipo de inquietação, afinal foram alguns anos com acesso a muitas informações que precisarão ser reorganizadas e resignificadas quando ocorre a inserção no mundo do trabalho.
As oportunidades de emprego ou trabalho vão exigir esforços em prol da atualização e esse empreendimento não tem data para acabar. É uma nova fase para tomada de decisões: o que fazer; quando fazer; como; o que posso realizar (condições que me permitem transformar planos em realidade). O acesso a novos conhecimentos tem a facilidade proporcionada pelos recursos tecnológicos para obter informações. O próprio exercício profissional e a convivência com as pessoas no contexto do trabalho são fontes de aprendizagens. Todavia, uma boa parte dessa população também procura dar seguimento a uma condição formal de estudos e identificar qual a mais condizente com um projeto de carreira, ao que se pode denominar de formação continuada.
A escolha precisa ser cuidadosa e pautada por um projeto de carreira ou de futuro, não sendo somente uma decisão para ocupar o tempo, até porque muitas opções podem incluir mais trabalho e vão exigir investimentos pessoais, financeiros, capacidade de aprender e rever algumas certezas. Por isso é importante avaliar o que precisa ser feito antes de tomar qualquer decisão. Este é um processo que pode requerer ajuda, o que pode ser feito pelo estudo de informações disponíveis sobre o que parece interessante para cada pessoa. Também é importante buscar ajuda com pessoas que são referências e de confiança para cada um de nós. O que precisa ser evitado são investimentos impulsivos e que não vão contribuir para o desenvolvimento pessoal e profissional.
* Regina Celina Cruz é professora doutora do curso de Psicologia da PUCPR