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Destaque - 06 ago 2020

Os desafios e aprendizados dos educadores ativados pela pandemia

Adaptações decorrentes da pandemia vão além do uso da tecnologia, chegando às “habilidades humanas” e técnicas dos educadores

desafios e aprendizados dos educadores

O setor de educação foi um dos mais precisou se reinventar durante a pandemia. Professores, educadores, estudantes de diferentes níveis de ensino e suas famílias tiveram que enfrentar o desafio de adaptar métodos de ensino, habilidades e rotinas em prol da saúde de todos.

As mudanças, porém, foram muito além de questões tecnológicas, como se pode pensar, a princípio. Segundo Aline Von Bathen, professora do Creare da PUCPR, centro responsável pela capacitação dos professores da instituição, os impactos chegaram às “habilidades humanas” e técnicas dos educadores. “Eles agora precisam perceber se os estudantes estão entendendo o conteúdo sem as reações instantâneas deles na sala de aula, além de repensar as formas justas e adequadas de avaliação das atividades”, explica.

Apesar dos desafios impostos, este período também tem permitido revelar atitudes positivas. Na PUCPR, segundo Aline, foram formados grupos de apadrinhamento em que professores e estudantes ajudavam aqueles com maior dificuldade com as plataformas. A aproximação entre colegas, mesmo à distância, também foi um resultado positivo do processo, de acordo com ela. “A gente tem conhecido as famílias dos outros, mostrado mais quem nós somos. Eu percebo que assim as pessoas trabalham melhor, gerando uma ‘produtividade empática’, ou seja, uma produtividade que respeita quem eu sou e quem o outro é”, explica Aline.

Dentre as diversas habilidades que estão sendo demandadas dos professores neste momento, a flexibilidade cognitiva, a persistência e a resiliência são algumas das mais urgentes. “Mas os professores também precisam respeitar os próprios limites”, alerta Aline.

O desafio de formar os educadores do futuro

desafios e aprendizados dos educadoresFormar profissionais de educação sempre foi um desafio. Em um momento de transição, em que diversas coisas ainda são incertas, mas novas habilidades parecem ganhar importância, isso se potencializa.

A coordenadora do curso de Pedagogia da PUCPR, Daniele Saheb Pedroso, entende que as situações desencadeadas pela pandemia já aconteceriam e foram apenas aceleradas. Por isso, para ela, é essencial que o foco do desenvolvimento dos educadores esteja no processo formativo. Dessa forma, eles aprimoram as competências necessárias em cada etapa, tornam-se aptos a encontrar seus caminhos e podem ser multiplicadores dessas habilidades dia a dia da profissão.

“Nós entendemos que a incerteza faz parte do contexto. E precisamos de um conhecimento científico que nos ajude a entender esse cenário. Por isso, temos um currículo em constante atualização na PUCPR, para ajudar a dar conta dessas transformações”, comenta.

Ela destaca, porém, que a questão da tecnologia não pode ser deixada em segundo plano no processo de formação de educadores. “A pandemia nos mostrou que o uso de tecnologias não se trata apenas de opção de consumo ou de lazer, mas uma necessidade real. Precisaremos mais dos conhecimentos tecnológicos, pois a educação híbrida será uma realidade mais presente em nosso país”, observa.

Adaptação em parceria

A necessidade mais urgente de uso da tecnologia, inclusive, faz com que professores e estudantes aprendam juntos a driblar as dificuldades. O que também pode ser uma oportunidade de aprendizado para os futuros educadores. “Para os estudantes de licenciatura e outros cursos de educação, é uma maneira de aprender a melhor forma de fazer isso no futuro, a partir de suas próprias experiências”, aponta a professora.

desafios e aprendizados dos educadoresPara Isadora Marasquin, estudante do último período da licenciatura em História, já tem sido assim. No semestre anterior, ao mesmo tempo em que tinha aulas remotas na PUCPR, precisou adaptar todas as atividades e conteúdos que abordaria no estágio obrigatório para o formato de vídeoaulas. “Tive que repensar tudo. O conteúdo que eu daria, como eu ia passá-lo durante a aula, o planejamento. Além da parte da gravação e edição das aulas, de pensar no cenário, na melhor luz, então precisei buscar bastante informação sobre isso”, conta.

Para se aprimorar, Isadora se matriculou em uma disciplina eletiva ofertada para os estudantes da Escola de Educação e Humanidades sobre o processo de aprendizagem para aulas remotas. Ela, que gostaria de trabalhar com estudantes do ensino fundamental, já percebe que pode ser um reforço importante para o currículo. “No ensino público, talvez possa demorar um pouco mais essa incorporação das tecnologias, mas no ensino particular, acredito que o ensino remoto vai ter um impacto mais rápido”.