Professores da PUCPR criam modelos de EPIs para profissionais de saúde
Aventais e toucas de paramentação passaram por melhorias e 500 unidades foram doadas para hospitais de Curitiba
Profissionais de saúde ganharam um reforço na proteção contra o novo coronavírus. Aventais e toucas, essenciais para a paramentação das equipes que estão na linha frente do combate ao vírus, passaram por processos de melhoria e foram doados aos hospitais Cajuru e Marcelino Champagnat, em Curitiba. Até agora, já foram encaminhadas 500 kits, compostos por avental e touca.
As peças usadas por médicos e enfermeiros foram analisadas por professores do curso de Design da PUCPR, que identificaram, por exemplo, que alguns aventais tinham fechamentos simples nas costas, o que deixava esta área do corpo exposta. O próximo passo foi desenvolver um novo modelo com base nos estudos. “Nos aventais nós fizemos um fechamento duplo e com transpasse, para vedar também as costas e proteger todo o corpo, além de melhorarmos os punhos, facilitando para os profissionais no momento da retirada segura da paramentação”, explica Taisa Vieira Sena, professora do curso de Design e responsável pelo Lab Fashion, laboratório de moda da Universidade onde foram desenvolvidos os protótipos.
Nas toucas, a mudança foi no tipo de material usado. “Nós tivemos a preocupação de procurar uma matéria-prima que fosse mais segura e encontramos o TNT com proteção bacteriostática, ou seja, em contato com esse tipo de tecido os micro-organismos não conseguem se reproduzir”, explica a professora.
Ambos os equipamentos de proteção individual (EPI) passaram pela aprovação dos médicos que, de maneira remota por questões de segurança, puderam ver como os novos modelos funcionavam e se seriam realmente úteis e seguros.
Parcerias foram fundamentais
O projeto é resultado do trabalho em conjunto das professoras Taisa Vieira Sena e Gabriela Garcez, do curso de Design, da professora Lídia Moura, decana da Escola de Medicina da PUCPR, da professora Andreia Malucelli, decana da Escola Politécnica, e do professor Percy Nohama, de Engenharia Biomédica, que se organizaram para buscar soluções a partir do conhecimento técnico presente na Universidade. “Nós, do Design, entramos com o conhecimento sobre modelagens e tecidos, mas o grupo já tinha identificado a oportunidade de colaborar com a produção de equipamentos de proteção”, conta Taisa.
Além da união dos professores, as parcerias externas foram fundamentais. A Unimed colaborou com a doação de tecidos e duas confecções de Curitiba se dispuseram a costurar os EPIs.
Aproveitamento integral
Mesmo com a otimização feita entre molde e tecido, fundamental para o melhor aproveitamento da matéria-prima, alguns retalhos de tecido acabam sobrando após o corte. O destino deles, porém, não é o descarte: todos serão reaproveitados para a produção de aproximadamente 2 mil máscaras, também encaminhadas futuramente para os profissionais de saúde.
De acordo com a professora Taisa, as máscaras produzidas não substituem os modelos N95, que têm filtro, mas podem colaborar com profissionais da área de saúde que estejam usando máscaras comuns. “Elas serão um reforço para a segurança deles. Como são tecidos usados na paramentação, acabam sendo bastante seguros nestes casos”, esclarece.
Mobilização por soluções
Diversas outras iniciativas estão sendo desenvolvidas na PUCPR para contribuir com a sociedade durante a pandemia. Entre elas, está a produção de faceshields encaminhadas para hospitais e trabalhadores da reciclagem, doação de álcool em gel e campanha de arrecadação de alimentos e produtos de higiene para moradores da Vila Torres, atuação voluntária de estudantes e professores de Enfermagem na campanha de vacinação contra a gripe, além de pesquisas para o desenvolvimento de ventiladores mecânicos, usados na rede de saúde, que sejam mais acessíveis.